quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Conservação da Biodiversidade Urbana




Crédito imagem: http://viajarverde.com.br/a-importancia-das-areas-verdes-urbanas/

Curitiba é considerada uma das cidades mais verdes da América Latina (TEEB,2010). A conservação da biodiversidade urbana é essencial para garantir a manutenção dos serviços ecossistêmicos das cidades e  a conservação da biodiversidade, uma vez que a parcela urbana contemplará uma crescente parcela da biodiversidade do planeta (Faeth, S.H. et al 2011).

No link abaixo alguns conceitos e considerações sobre a temática:

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Ameaças a Geodiversidade – Alteração de rios



Geodiversidade e biodiversidade sofrem idênticas ameaças. Os recursos naturais, ao contrário do que se imaginava, são finitos e a ação humana direta ou indireta ainda é a grande vilã quando o assunto é perda de geodiversidade e de biodiversidade.

Entre essas atividades, a exploração mineral ameaça a geodiversidade em dois níveis: paisagem, nos casos de exploração a céu aberto, sem medidas minimizadoras dos impactos ambientais e a nível de afloramento, quando a atividade extrativa acaba por consumir objetos geológicos, fósseis e minerais, extinguindo o valor científico e pedagógico, por exemplo (BRILHA, 2005).

Podemos listar outras ameaças: a intervenção com o desenvolvimento de obras e infraestruturas, a disposição de resíduos, a ocupação desordenada, principalmente nas zonas costeiras, as intervenções com a finalidade de gestão das bacias hidrográficas, florestação, deflorestação e agricultura, atividades militares, atividades recreativas e turísticas e colheita de amostras geológicas para fins não científicos (BRILHA, 2005).

Gray (2004:134) esclarece que as ameaças à geodiversidade são caracterizadas pelo resultado de pressões de desenvolvimento e da mudança no uso do solo, e ainda, de processos ou mudanças induzidas pela atividade humana. Esse impacto gerado pela atividade humana pode ser resumido com a perda completa de um elemento de geodiversidade, perda parcial ou dano físico, fragmentação de interesse, perda de visibilidade, perda do acesso, interrupção de processos naturais e impactos fora do local, poluição e até mesmo impacto visual.

Ao analisar os fatores de ameaça a geodiversidade, constatamos que o impacto das atividades humanas nos corpos hídricos é extenso. A United Kingdom’s Wildlife and Countryside Act (1981, apud Gray, 2004) listou Operações Potencialmente Prejudiciais (PDOs), entre as quais se pode identificar a modificação dos cursos de água. Essas modificações ocasionam impactos locais, como perda de exposição, atividade e forma de relevo e perturbação dos processos naturais, e impactos gerais, como mudança no movimento do sedimento e nos processos a jusante, inclusive, secagem de zonas húmidas (GRAY, 2004: table 4.1, modificada por Gordon & MacFadyen, 2001).

Dessa maneira, essas intervenções geraram alterações nas características dos rios, incluindo rugosidade e hidrodinâmica, alterando o habitat natural de bancos e planícies de inundações (GRAY,2004).

O Missouri Department of Natural Resources simulou o que acontece quando o curso de um rio é desviado e podemos pelo vídeo abaixo verificar que a alteração desse cenário implica realmente em perda da geodiversidade.



Bibliografia:
BRILHA, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação. Braga: Palimage
GRAY, M. (2004). Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Chichester: John Wiley & Sons Ltd.
 

domingo, 19 de novembro de 2017

Geodiversidade e Biodiversidade: O Desastre de Mariana, na Bacia do Rio Doce



A discussão em torno do conceito de Geodiversidade encontra-se basicamente na sua abrangência. Enquanto alguns doutrinadores entendem que Geodiversidade limita-se ao conjunto de minerais, rochas e fósseis, outros acreditam que o conceito é amplo, integrando inclusive a comunidade de seres vivos (BRILHA, 2005). 

Segundo Sharples (2002) o conceito significa o alcance ou a diversidade das características geológicas, geomorfológicas e do solo, em conjunto, sistemas ou processos.  A Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido adota um conceito que parece subsidiar a relação entre a geodiversidade e biodiversidade:

“A geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra (apud BRILHA, 2005).”

Dessa forma, a geodiversidade é essencial a manutenção da biodiversidade na medida em que ela é o suporte para a vida na Terra. Gray, M. (2002) observou que geólogos viram a geodiversidade como uma maneira útil de pensar o mundo abiótico e promover a geoconservação e ainda, a conservação da vida selvagem.

É o pensamento segundo o qual a biodiversidade está condicionada a geodiversidade, já que os organismos encontram condições ideais de subsistência quando reunidas as condições ideais abióticas (BRILHA, 2005). Nesse sentido, Sharples, 2002 atribui à geodiversidade o valor ecológico, ao entender que ecossistemas compreendem os componentes bióticos e abióticos cada qual em interação e interdependência. A importância do valor ecológico então reside na importância de preservar os processos geológicos, geomorfológicos e do solo e também manter o processo biológico dependente desses sistemas físicos.

Na tentativa de conferir importância à Geodiversidade, a literatura lhe atribuiu ainda outros valores: Intrínsecos e antropocêntricos, além do ecológico (SHARPLES, 2002), ou segundo Brilha (2005) os valores intrínsecos, cultural, estético, econômico, funcional, científico e educativo.

A respeito dessa interação, podemos analisar uma tragédia ocorrida a dois anos no Estado de Minas Gerais/Brasil, quando rompeu uma represa, construída para depósito dos resíduos da mineração de ferro, em Mariana, na Bacia do Rio Doce. 

O rompimento da represa ocasionou uma onda de lama que devastou todo o distrito de Bento Rodrigues, com perdas humanas inclusive, destruiu ecossistemas, rios e florestas, ao espalhar a lama, que em questão de dias, percorreu cerca de 620 quilômetros, alcançando a foz do Rio Doce, e desaguando no mar. As causas e os efeitos do acidente ainda estão sendo dimensionados. Entretanto, os danos causados ao meio ambiente e às comunidades atingidas são indeterminados, imprevisíveis e incalculáveis (LOPES, 2016).


 Fonte: Relatório Preliminar IBAMA

Em levantamento preliminar realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, constatou-se que 663,2 km de corpos hídricos  foram diretamente impactados, além de destruição da infraestrutura urbana, desalojamento da população, destruição de áreas agrícolas, destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa da mata atlântica, mortandade da biodiversidade aquática e fauna terrestre, assoreamento dos rios, interrupção do abastecimento de água, da pesca e do turismo, perda e fragmentação de habitats, restrição ou enfraquecimento dos serviços ambientais dos ecossistemas e alteração da qualidade da água doce, saloba e salgada (BRASIL, 2015). 

Na área atingida pela tragédia foram identificadas a existência de 28 espécies de anfíbios anuros, pertencentes a sete famílias. Para a classe Reptilia, foram registradas duas espécies de lagartos, uma espécie de serpente e uma espécie de quelônio aquático; 754 espécies de aves; 35 mamíferos terrestres de médio e grande porte (BRASIL, 2015).

Na análise preliminar laboratorial foram identificados nas amostras de água a alteração nos parâmetros dos seguintes minerais: Metais Totais: Alumínio (Al); Bário (Ba); Cálcio (Ca); Chumbo (Pb); Cobalto (Co);  Cobre (Cu);  Cromo (Cr);  Estanho (Sn);  Ferro (Fe); Magnésio (Mg);  Manganês (Mn);  Níquel (Ni);  Potássio (K);  Sódio (Na) (BRASIL, 2015).

E ainda, demais parâmetros alterados: Condutividade;  Fluoreto;  Fósforo total;  Sólidos Totais Dissolvidos;  Sólidos Suspensos Totais;  Sólidos Totais;  Turbidez;  Cloro Residual Total.

Segundo o relatório preliminar, a plena recuperação do Rio Doce e das áreas diretamente afetadas deverá ser feito através de um trabalho de melhoria da qualidade ambiental de toda a bacia, que restou em situação de vulnerabilidade e degradação ambiental (BRASIL, 2015).

Com o episódio narrado, podemos inferir como estão interligados os conceitos de geodiversidade e biodiversidade, uma vez que o reequilíbrio do ecossistema e da biodiversidade na Bacia do Rio Doce dependerá do restabelecimento das condições ambientais do solo, corpos hídricos e demais aspectos geológicos.

Bibliografia:
BRASIL. Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. In: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Minas Gerais, 2015. Disponível em: Ibama. Acesso em: 19 de nov. 2017.  

BRILHA, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação. Braga: Palimage
LOPES, L. (2016). O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais. Sinapse Múltipla, 5 (1), jun 1-14, 2016. Disponível em: SinapseMúltipla. Acesso em:19 de nov. 2017.

GRAY, M. (2004). Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Chichester: John Wiley & Sons Ltda.
SHARPLES (2002). Concepts and Principles of Geoconservation. Tasmanian Parks and Wildlife Services.