Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação
Espaço destinado a aprendizagem colaborativa sobre Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação.
quinta-feira, 22 de março de 2018
quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
Conservação da Biodiversidade Urbana
Crédito imagem: http://viajarverde.com.br/a-importancia-das-areas-verdes-urbanas/
Curitiba é considerada uma das cidades mais verdes da América Latina (TEEB,2010). A conservação da biodiversidade urbana é essencial para garantir a manutenção dos serviços ecossistêmicos das cidades e a conservação da biodiversidade, uma vez que a parcela urbana contemplará uma crescente parcela da biodiversidade do planeta (Faeth, S.H. et al 2011).
No link abaixo alguns conceitos e considerações sobre a temática:
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Ameaças a Geodiversidade – Alteração de rios
Geodiversidade
e biodiversidade sofrem idênticas ameaças. Os recursos naturais, ao contrário
do que se imaginava, são finitos e a ação humana direta ou indireta ainda é a
grande vilã quando o assunto é perda de geodiversidade e de biodiversidade.
Entre essas
atividades, a exploração mineral ameaça a geodiversidade em dois níveis: paisagem,
nos casos de exploração a céu aberto, sem medidas minimizadoras dos impactos
ambientais e a nível de afloramento, quando a atividade extrativa acaba por
consumir objetos geológicos, fósseis e minerais, extinguindo o valor científico
e pedagógico, por exemplo (BRILHA, 2005).
Podemos
listar outras ameaças: a intervenção com o desenvolvimento de obras e
infraestruturas, a disposição de resíduos, a ocupação desordenada,
principalmente nas zonas costeiras, as intervenções com a finalidade de gestão
das bacias hidrográficas, florestação, deflorestação e agricultura, atividades
militares, atividades recreativas e turísticas e colheita de amostras
geológicas para fins não científicos (BRILHA, 2005).
Gray
(2004:134) esclarece que as ameaças à geodiversidade são caracterizadas pelo
resultado de pressões de desenvolvimento e da mudança no uso do solo, e ainda,
de processos ou mudanças induzidas pela atividade humana. Esse impacto gerado
pela atividade humana pode ser resumido com a perda completa de um elemento de
geodiversidade, perda parcial ou dano físico, fragmentação de interesse, perda
de visibilidade, perda do acesso, interrupção de processos naturais e impactos
fora do local, poluição e até mesmo impacto visual.
Ao analisar
os fatores de ameaça a geodiversidade, constatamos que o impacto das atividades
humanas nos corpos hídricos é extenso. A United Kingdom’s Wildlife and
Countryside Act (1981, apud Gray, 2004) listou Operações Potencialmente
Prejudiciais (PDOs), entre as quais se pode identificar a modificação dos cursos
de água. Essas modificações ocasionam impactos locais, como perda de exposição,
atividade e forma de relevo e perturbação dos processos naturais, e impactos
gerais, como mudança no movimento do sedimento e nos processos a jusante, inclusive,
secagem de zonas húmidas (GRAY, 2004: table 4.1, modificada por Gordon &
MacFadyen, 2001).
Dessa maneira,
essas intervenções geraram alterações nas características dos rios, incluindo
rugosidade e hidrodinâmica, alterando o habitat natural de bancos e planícies de
inundações (GRAY,2004).
O Missouri Department
of Natural Resources simulou o que acontece quando o curso de um rio é
desviado e podemos pelo vídeo abaixo verificar que a alteração desse cenário
implica realmente em perda da geodiversidade.
Bibliografia:
BRILHA, J. (2005). Património Geológico e
Geoconservação. Braga: Palimage
GRAY, M. (2004). Geodiversity: valuing
and conserving abiotic nature. Chichester: John Wiley & Sons Ltd.
domingo, 19 de novembro de 2017
Geodiversidade e Biodiversidade: O Desastre de Mariana, na Bacia do Rio Doce
A discussão
em torno do conceito de Geodiversidade encontra-se basicamente na sua abrangência.
Enquanto alguns doutrinadores entendem que Geodiversidade limita-se ao conjunto
de minerais, rochas e fósseis, outros acreditam que o conceito é amplo,
integrando inclusive a comunidade de seres vivos (BRILHA, 2005).
Segundo Sharples
(2002) o conceito significa o alcance ou a diversidade das características
geológicas, geomorfológicas e do solo, em conjunto, sistemas ou processos. A Royal Society for Nature Conservation do
Reino Unido adota um conceito que parece subsidiar a relação entre a
geodiversidade e biodiversidade:
“A geodiversidade
consiste na variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos que
dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos
superficiais que são o suporte para a vida na Terra (apud BRILHA, 2005).”
Dessa forma,
a geodiversidade é essencial a manutenção da biodiversidade na medida em que
ela é o suporte para a vida na Terra. Gray, M. (2002) observou que geólogos
viram a geodiversidade como uma maneira útil de pensar o mundo abiótico e promover
a geoconservação e ainda, a conservação da vida selvagem.
É o
pensamento segundo o qual a biodiversidade está condicionada a geodiversidade,
já que os organismos encontram condições ideais de subsistência quando reunidas
as condições ideais abióticas (BRILHA, 2005). Nesse sentido, Sharples, 2002
atribui à geodiversidade o valor ecológico, ao entender que ecossistemas
compreendem os componentes bióticos e abióticos cada qual em interação e
interdependência. A importância do valor ecológico então reside na importância
de preservar os processos geológicos, geomorfológicos e do solo e também manter
o processo biológico dependente desses sistemas físicos.
Na tentativa
de conferir importância à Geodiversidade, a literatura lhe atribuiu ainda outros
valores: Intrínsecos e antropocêntricos, além do ecológico (SHARPLES, 2002), ou
segundo Brilha (2005) os valores intrínsecos, cultural, estético, econômico,
funcional, científico e educativo.
A respeito
dessa interação, podemos analisar uma tragédia ocorrida a dois anos no Estado
de Minas Gerais/Brasil, quando rompeu uma represa, construída para depósito dos
resíduos da mineração de ferro, em Mariana, na Bacia do Rio Doce.
O rompimento
da represa ocasionou uma onda de lama que devastou todo o distrito de Bento
Rodrigues, com perdas humanas inclusive, destruiu ecossistemas, rios e
florestas, ao espalhar a lama, que em questão de dias, percorreu cerca de 620 quilômetros,
alcançando a foz do Rio Doce, e desaguando no mar. As causas e os efeitos do
acidente ainda estão sendo dimensionados. Entretanto, os danos causados ao meio
ambiente e às comunidades atingidas são indeterminados, imprevisíveis e
incalculáveis (LOPES, 2016).
Fonte: Relatório Preliminar IBAMA
Em
levantamento preliminar realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, constatou-se que 663,2 km de
corpos hídricos foram diretamente
impactados, além de destruição da infraestrutura urbana, desalojamento da
população, destruição de áreas agrícolas, destruição de áreas de preservação
permanente e vegetação nativa da mata atlântica, mortandade da biodiversidade
aquática e fauna terrestre, assoreamento dos rios, interrupção do abastecimento
de água, da pesca e do turismo, perda e fragmentação de habitats, restrição ou enfraquecimento
dos serviços ambientais dos ecossistemas e alteração da qualidade da água doce,
saloba e salgada (BRASIL, 2015).
Na área
atingida pela tragédia foram identificadas a existência de 28 espécies de
anfíbios anuros, pertencentes a sete famílias. Para a classe Reptilia, foram
registradas duas espécies de lagartos, uma espécie de serpente e uma espécie de
quelônio aquático; 754 espécies de aves; 35 mamíferos terrestres de médio e
grande porte (BRASIL, 2015).
Na análise
preliminar laboratorial foram identificados nas amostras de água a alteração
nos parâmetros dos seguintes minerais: Metais Totais: Alumínio (Al); Bário
(Ba); Cálcio (Ca); Chumbo (Pb); Cobalto (Co); Cobre (Cu); Cromo (Cr); Estanho (Sn); Ferro (Fe); Magnésio (Mg); Manganês (Mn); Níquel (Ni);
Potássio (K); Sódio (Na) (BRASIL,
2015).
E ainda, demais
parâmetros alterados: Condutividade;
Fluoreto; Fósforo total; Sólidos Totais Dissolvidos; Sólidos Suspensos Totais; Sólidos Totais; Turbidez; Cloro Residual Total.
Segundo o
relatório preliminar, a plena recuperação do Rio Doce e das áreas diretamente
afetadas deverá ser feito através de um trabalho de melhoria da qualidade
ambiental de toda a bacia, que restou em situação de vulnerabilidade e
degradação ambiental (BRASIL, 2015).
Com o
episódio narrado, podemos inferir como estão interligados os conceitos de
geodiversidade e biodiversidade, uma vez que o reequilíbrio do ecossistema e da
biodiversidade na Bacia do Rio Doce dependerá do restabelecimento das condições
ambientais do solo, corpos hídricos e demais aspectos geológicos.
Bibliografia:
BRASIL. Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre
envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais.
In: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA. Minas Gerais, 2015. Disponível em: Ibama.
Acesso em: 19 de nov. 2017.
BRILHA, J.
(2005). Património Geológico e
Geoconservação. Braga: Palimage
LOPES, L. (2016). O
rompimento da barragem de Mariana e seus impactos socioambientais. Sinapse
Múltipla, 5 (1), jun 1-14, 2016. Disponível em: SinapseMúltipla. Acesso em:19 de nov. 2017.
GRAY, M.
(2004). Geodiversity: valuing and
conserving abiotic nature. Chichester: John Wiley & Sons Ltda.
SHARPLES (2002). Concepts and Principles of Geoconservation.
Tasmanian Parks and Wildlife Services.
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